O
atraso da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro no pagamento
dos procedimentos motivou a ABCDT – Associação
Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante a procurar
a mediação da Justiça para obrigar o Governo
Municipal a cumprir as suas obrigações. A decisão
de buscar recursos jurídicos foi tomada durante a Assembléia
dos Prestadores, realizada em 21 de maio, no Rio de Janeiro.
“
De forma indevida a Prefeitura trata os repasses do Fundo Nacional
de Saúde (FNS) como se fossem verbas orçamentárias,
atrasando o pagamento às Unidades em até 30 dias,
quando o Ministério da Saúde determina que o prazo
não ultrapasse cinco dias. A posição do Prefeito
César Maia, que se baseia em critérios esdrúxulos
para atrasar os pagamentos, configura um grave risco à qualidade
da atenção médica prestada aos pacientes renais
e à viabilidade das Cínicas”, alerta o diretor
Regional da ABCDT, Dr. José Manuel Ribeiro dos Santos.
Segundo Dr. José Manuel, o Governo Municipal somente creditou
em 3 de maio a 2a parcela dos recursos transferidos pelo FNS aos
prestadores em 2 de abril e programou para 1º de junho o pagamento
dos recursos transferidos em 29 de abril. “A Terapia Renal
Substitutiva (TRS) é responsável pela manutenção
da vida de aproximadamente 7.500 pacientes no Estado do Rio de
Janeiro, sendo que cerca de 7.000 estão no sistema SAI/SUS”,
informa.
FALTA
DE REAJUSTES
“Como se não bastassem as ações
deliberadas pela Prefeitura do Rio e de alguns outros gestores
municipais que se recusam a pagar os exames laboratoriais, que
são obrigatórios, o Ministério da Saúde
também promove medidas que inviabilizam o Setor. A defasagem
das tabelas de remuneração é mais marcante
no SUS e em particular no setor de diálise, que usa intensivamente
equipamentos e materiais importados (dependentes da cotação
do dólar) e tem como insumos básicos água
e energia elétrica, que têm preços controlados
e, nos últimos cinco anos, tiveram aumentos superiores a
100% e 250%, respectivamente”, alerta Dr. José Manuel
Ribeiro dos Santos.
Segundo ele, desde 1999, todas as unidades foram obrigadas a trocar
seus equipamentos e a usar a Osmose Reversa no sistema de tratamento
de água. “Como contrapartida, para os prestadores
que estavam rigorosamente dentro da portaria, o Ministério
da Saúde alterou a tabela de procedimentos em 10%, em dezembro
de 2001, e outros 10%, sendo 5%, em junho de 2003, e 5% em novembro
do mesmo ano. Esse último aumento é uma contradição à planilha
de custos, proposta pelo próprio Ministério, que
apontava a necessidade de aumento na faixa de 50%”, revela.
Colaborando com o agravamento da situação econômico-financeira
das clínicas, em setembro de 2002, a diálise passou
a ser considerada um procedimento Fundo de Ações
Estratégicas e de Compensação (FAEC), gerando
o conse-quente atraso de 30 dias no repasse do pagamento. “Esta
mudança, para garantir o pagamento integral dos serviços
prestados, foi invalidada com o estabelecimento de tetos a partir
de janeiro de 2004. Além disso, no Rio de Janeiro, os tetos
estabelecidos para as cidades da região metropolitana ficaram
bem abaixo dos gastos realizados no trimestre anterior, acrescidos
do aumento de 5%”, informa.
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