Nos
meses de maio e junho, foram realizados alguns encontros entre
especialistas com o objetivo de apresentar e debater as últimas
novidades em prevenção da Infecção
Hospitalar. A importância do investimento nas Comissões
de Controle de Infecção Hospitalar e no treinamento
das equipes foram apontadas como sendo fundamentais para a
manutenção da qualidade do atendimento hospitalar
e para a redução dos riscos. Confira, nesta edição,
os principais itens abordados.
Integração
entre os setores é fundamental
“ A atuação da Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar (CCIH) deve ser marcante dentro do hospital”, afirma o secretário
municipal de Saúde de Nova Iguaçu, Dr. Hudson Guilherme Leitão
da Costa. O médico participou do VIII Encontro de Profissionais de Controle
de Infecção Hospitalar do Estado do Rio de Janeiro da SES, que
aconteceu em junho no Rio.
“ A CCIH precisa ser uma fonte de informações. Ela deve ir
até os setores do hospital para dizer, de forma individual, como está a
infecção hospitalar em cada departamento. Os índices de
infecção devem ser comunicados para alertar e incentivar a equipe
e também podem ser utilizados como ferramenta de marketing pelo hospital”,
afirma.
De acordo com Dr. Hudson, para ter sucesso nessa comunicação
interna e externa é necessário estabelecer um planejamento estratégico. “Para
que eu saiba que caminho devo seguir, tenho primeiro que descobrir onde quero
chegar. É preciso ter objetivos e metas a alcançar, e também
reconhecer a importância do serviço prestado, para poder divulgar
e despertar a consciência das outras equipes profissionais”,
ensina.
A mala direta também foi considerada como um bom canal de comunicação. “Além
disso, deve-se propor encontros pessoais, reuniões e visitas para ouvir
as pessoas e orientar sobre as melhorias que podem ser implantadas para baixar
os índices de infecção hospitalar. Todas as adversidades
enfrentadas devem ser vistas como novas oportunidades. É preciso usar
a criatividade e se concentrar nos objetivos e não nas dificuldades”,
incentiva.
Síndrome
do “Edifício Doente”
“ Sonolência, falta de concentração e, consequen-temente,
queda na produtividade profissional, são efeitos, muitas vezes, provocados
pela falta de circulação e renovação do ar em ambientes
fechados, em função da maior concentração de CO2, “alerta
o engenheiro químico do Centro de Tecnologia Ambiental do Sistema FIRJAN,
Robson Vieira de Figueiredo.
Segundo ele, estes locais, conhecidos como “edifícios doentes”,
propagam enfermidades. “O clima poluído gera os chamados ‘inimigos
invisíveis’, que provocam uma sensação de mal-estar
em quem chega. Muitos podem sentir a garganta seca, dor de cabeça, fadiga,
falta de ar, irritação nos olhos, congestão ou sinusite”,
afirma.
Em dezembro de 2000, o Ministério da Saúde publicou a Resolução
176, definindo os Padrões Referenciais de Qualidade de Ar de Ambientes
Clima-tizados em todo o território brasileiro. “Além de
seguir estes critérios os hospitais devem contratar uma fiscalização
externa para a medição da qualidade do ar no ambiente interno,
de forma a ter uma avaliação imparcial”, observa Robson
de Figueiredo, que participou do Workshop “Plano de Gerenciamento de
Resíduos em Serviços de Saúde – PGRSS, segundo a
RDC 33 da ANVISA”, que foi realizado em maio no Rio.
Hábitos
Novos de Prevenção
O SINDHERJ também realizou um Workshop com o tema “Limpeza Hospitalar”,
onde foi abordada a importância da assepsia dos profissionais e das instalações
internas e externas. O evento aconteceu em maio no auditório do Sindicato.
Segundo a farmacêutica bioquímica, PhD, do Instituto de Tecnologia
da Universidade Rural do Rio de Janeiro, Rosa Helena Luchese, é preciso
ter cuidado redobrado com a contaminação aérea, que acontece
através da emissão de gotas de saliva no ambiente e também
pela poeira que é responsável pelo transporte de esporos bacterianos.
“ Superfícies como chão, paredes, mesas, cadeiras, camas,
telefone, aventais, além de instrumentos e equipamentos médicos,
que entram em contato com o paciente, devem ser considerados como potencialmente
contaminados. Sem uma limpeza constante, estes microrganismos podem sobreviver
e até crescer formando o chamado biofilme”, informa.
Controle
de Pragas
A questão dos vetores também foi destacada pela bióloga
especializada em Saúde Pública Lucy Ramos Figueiredo, diretora
da Ambiental Consul-toria. Para ela, a criação de um “Controle
Integrado de Pragas” é fundamental. “É preciso estabelecer
medidas de organização do meio, como descarte de materiais inúteis,
estocagem correta de alimentos, reparo de vazamentos etc.”, ensina.
Segundo Lucy, especialmente, as formigas têm se tornado pragas urbanas,
com registros atuais de crescente proliferação em cozinhas de
hospitais, podendo entrar em equipamentos elétricos e eletrônicos. “Para
evitar infestações, as técnicas preventivas e corretivas
assumem um papel de grande relevância”, alerta.
A Coordenadora Estadual do Controle de Infecção Hospitalar da
Secretaria Estadual de SAúde do Rio de janeiro (CECIH-SES/RJ), enfermeira
Ieda Azevedo Nogueira também ressaltou que o treinamento das equipes
de profissionais também é essencial para a manutenção
da limpeza do ambiente hospitalar.
“ O Hospital Lourenço Jorge, na Zona Sul do Rio, através
da conscientização de todas as equipes de funcionários,
conseguiu retirar as pequenas lixeiras, que ficavam abertas embaixo dos leitos,
favorecendo o trânsito de vetores, e eram utilizadas de forma simultânea
por pacientes, visitantes e profissionais de saúde”, afirmou Ieda.
O problema foi resolvido pela instalação de uma lixeira maior
em cada enfermaria, com tampa acionada por um pedal e pés com rodas,
que permitem a rápida aproximação para o leito, caso seja
necessário.
“ Tudo é uma questão de formar hábitos novos. Existem
recipientes próprios para a coleta de resíduos da alimentação
do paciente para o depósito de escarros e materiais utilizados pela enfermagem.
Dessa forma, a substituição das lixeirinhas não causou problemas
e gerou um ambiente mais limpo e adequado, além de colaborar para a prevenção
das infecções hospitalares”, afirma Ieda.